No outro dia estava a ter uma conversa sobre os motivos que levam ao sucesso. Neste caso, estávamos a falar de sucesso profissional.
De um lado, defendia-se que o sucesso provinha só do nosso esforço. Que se trabalharmos e dermos tudo de nós, o sucesso vem atrás. A evolução na carreira é garantido.
Neste mesmo lado, estava também o argumento de que se não houver trabalho nem esforço, obviamente que o sucesso profissional é nenhum.
Neste lado, não havia zona intermédia. Trabalho/esforço = sucesso.
Por outro lado, defendia-se que a sorte também tem alguma coisa a dizer sobre isto. É preciso estar à hora certa no lugar certo.
Por que mais esforço e trabalho que haja, por vezes, o sucesso não é garantido. Ou porque existe uma crise económica (tema muito actual) ou por outros motivos quaisquer. Ou até porque o colega deu mais graxa ao chefe e teve direto aquela promoção. (É verdade: dar graxa é considerado trabalho/esforço ou sorte?)
Temos também aquelas pessoas que nasceram em berço de ouro e já têm tudo facilitado na vida.
Portanto, neste lado existe o factor sorte que actua na zona intermédia. Trabalho/esforço + sorte = sucesso.
Eu defendo este lado. Já vi muita coisa durante a minha carreira profissional para perceber que a realidade nunca é preto no branco.
Percebo o outro lado, o lado da ingenuidade, do deslumbramento inicial. Acho que nunca tive deste lado. Percebi desde cedo que não era bem assim.
"Vê-se logo que não trabalhas com pressão" - disse-me uma amiga a semana passada.
Nunca trabalhámos juntas. Aliás, trabalhamos em áreas completamente distintas. Embora sabendo o que faz, não faço a mínima ideia como é o dia a dia dela. O contrário também é válido.
Então porque raio é que ela assume coisas e faz questão de as dizer como se tivesse toda a certeza do mundo? Estava muito indignada com este comentário dela, até que o meu marido diz o seguinte:
"Nós nunca nos queixamos. Já viste que quando estamos todos juntos, nós dois não costumamos falar de trabalho? Se um dia corre mal, avançamos para o outro. Se as coisas correm menos bem, lidamos com isso. Mas queixar, é algo que não fazemos. Pelo menos, não com eles"
E realmente, é verdade.
E por causa disto, todos assumem que a nossa vida é fácil. Que é chegar ao trabalho e carregar em teclas de computador. E pronto, o dia já está feito.
Mas não é bem isto. Mas também não me preocupo em explicar. Não preciso que entendam.
Colega 1: Não sei se queres responder..... se não quiseres deixar estar. Eu explico quando estiver com ela, se calhar até é melhor.
O que entrou nos ouvidos da colega 2: "Olha deixa estar que eu respondo porque já vi que não consegues"
É preciso ter cuidado com o que dizemos uns aos outros em contexto de trabalho quando estamos a falar com pessoas que estejam tanto ao mesmo nível como a qualquer outro nível.
A frase podia ser qualquer coisa como:
"Queres ajuda com a resposta? Ela é difícil e pouco acessível"
E se fosse assim já seria interpretada de outra forma
À um mês atrás fui emprestada a uma das equipas da minha empresa. Eles estavam com muito trabalho e eu fui dar uma mãozinha.
Como acontece em qualquer equipa apanhamos de tudo. E na minha opinião, encontrei de tudo um pouco naquela equipa com 10 pessoas.
Claro que havia o grupinho do corte e costura que só sabia criticar a chefe e todos aqueles que se davam com a chefe.
Havia também aqueles que estavam ali a trabalhar e não perdiam tempo com cusquices. E havia aquela colega de quem todos falavam mal.
A F. era a chefe. Sempre foi porreira comigo mas o grupo do corte e costura não perdia uma oportunidade de falar mal dela. É certo que de vez em quando dava umas respostas mais brutas (não para mim) mas uma pessoa tem que saber quando ignorar isto. Claro que o grupo do corte e costura não perdoava.
O H. é mais ou menos o bobo da corte da equipa. De vez em quando, mandava uma para o ar e o pessoal ria-se todo; animava o pessoal. Segundo o grupo do corte e costura era “o sub-chefe” e não se podia falar de certas coisas à frente dele.
A P. é daquele tipo de pessoas que se nota quando chega; faz sempre barulho. Segundo os colegas, não pára quieta e fala muito quando está a trabalhar; chamam-lhe “bipolar”. Tanto está sossegada como de repente começa a mexer-se ou a fazer barulho. A colega de quem todos falavam mal.
A R. é daquelas pessoas que põe os phones para trabalhar e o resto do mundo passa-lhe ao lado. Gosto muito dela; é muito cool.
O C. está naquela equipa pelos conhecimentos que tem. Não é o que ele queria, mas é o que há. É um rapaz pacato que não se pronuncia sobre os assuntos.
A M. também é muito pacata. Identifiquei-me muito com ela. Sossegadinha e sempre no cantinho dela, sem gostar muito de ter a atenção virada para ela. Senti que não gostava de alimentar cusquices; dizia que sim mas ficava por aí.
A K. estava na equipa à poucos meses. Eu e ela tínhamos o mesmo nome (apesar de ser escrito de maneira diferente) e muitas vezes dava direito a confusão. Queria fazer as coisas da forma mais correta e resolver os problemas da forma mais eficaz.
Apesar do S. já trabalhar à muitos anos, não tinha experiência naquela área. Era muito inseguro e ficava de tal forma enervado quando o criticavam que começava a ser arrogante. Ele e a chefe chocavam muitas vezes.
A C. é uma querida; eu já a conhecia, mas não tinha tido oportunidade de trabalhar com ela. Já tem muitos anos disto e, portanto, já não se preocupa com politiquices.
And last but not the least, a A., a líder do grupo do corte e costura. Ficou muito chateada quando eu saí e teve que ficar com o meu trabalho. É uma pessoa que gosta que os outros façam o que ela quer. Gosta tanto de falar, que numa viagem falou duas horas inteirinhas sem parar. Já sei a vida toda dela (sem necessidade).
E, por último, eu. Fui lá para ajudar a equipa com o trabalho. Enquanto uns me agradeceram o trabalho feito, para outros fui motivo de ódio (you know who). Dei por mim a ser excluída de certas conversas por me dar bem com a chefe ou por não alimentar cusquices.
Já tenho experiência suficiente que não é bom alimentar cusquices no ambiente de trabalho. Sinceramente, não confio em que ninguém para desabafar assuntos relacionados com o trabalho. Já tive uma situação em que as minhas palavras foram transmitidas a outra pessoa (pelo que sei foi só a uma pessoa).
Gosto de me dar bem com todos e não é a bater de frente que as coisas se vão resolver.
Fora estas coisas, a equipa era porreira e gostei muito de trabalhar com eles. Há mais de dois anos que não fazia aquele tipo de trabalho e senti-me bem e com vontade de fazer as coisas.