Parece que não é só fama
Este fim de semana, tivemos um dos muitos jantares de Natal com amigos. Foi um jantar muito bom; saí de lá a rir-me mas também com uma sensação de desapontamento.
Uma das minhas amigas já foi da função pública; passou recentemente para o privado.
Passava a vida a queixar que o horário era mau, que os colegas não eram grande coisa, bla, bla, bla. A ouvir esta conversa durante muitos anos, na minha cabeça formou-se a ideia de que a maioria dos funcionários da área em que ela trabalhava queriam ir para o privado.
Afinal, parece que estava errada. Fui esclarecida que estava errada neste jantar. Então, pedi-lhe para me explicar porquê.
O primeiro argumento que arranjou era que tudo era mais fácil. Mas tudo o quê? Tudo pode ser muita coisa e pode ser nada.
Começou logo pelos benefícios. Então, arranjou um exemplo de uma pessoa que tinha acabado de sair da faculdade e só queria trabalhar a part-time. Foi-lhe concedido um horário de 20 horas por semana. Para além disto, parece que a que a troca de horários também era mais fácil.
E também é do conhecimento geral, que trabalham só 35 horas por semana enquanto o privado tem que trabalhar 40 horas.
Mas acontece que no privado uma pessoa tem que fazer por merecer, e pela conversa parece que já não estava habituada a isto. Acho que já se arrependeu de ter trocado.
Fiquei muito triste com ela. Para uma pessoa que tirou uma pós-graduação, parece que está com vontade de morrer estúpida, que não quer evoluir. Quer estar na caixinha dela, fazer o que está dentro da caixinha dela e pronto, o dia está fechado.
Todos nós sabemos a fama que a função pública tem; o que eu não espera era lidar tão de perto com um mau exemplo.