Hoje troquei de carro com o meu moço. Isto porque o meu carro precisa de ser lavado e no sitio onde ele trabalha é mais barato.
Nós temos carros bastante diferentes: o meu carro é um citadino de 5 lugares. É suficiente para mim para me levar e trazer ao trabalho. O carro dele é de uma marca alemã muito conceituada e ainda que seja o mais baixo da gama, para mim é um maquinão.
Hoje trocámos de carro e para fazer conversa ao almoço disse a um colega (homem) que o tinha trazido. Comentei que tinha vindo mais devagar e cheia de cuidados. Afinal, estava a conduzir um carro que não é habitual.
Costumamos ir beber café depois de almoço a uma pastelaria perto do trabalho e hoje não foi excepção. Terminados de beber o café e estando na hora de voltarmos diz o meu colega: "Vamos por baixo?".
Para esclarecer, "por baixo" é um caminho mais longo e menos directo MAS passamos pelo parque de estacionamento onde, só por acaso, estava o maquinão estacionado.
Por azar (ou não), era o único carro da marca e modelo estacionado no parque onde o meu colega fez uma pausa milimétrica (mas ainda assim perceptível).
Conclusão: a inveja falou mais alto e não soube ser disfarçada
Ontem estava um colega a falar ao telefone ao meu lado quando o ouvi a insultar o amigo. E começou a rir-se, acho que se começaram a rir os dois…. Para eles, está sempre tudo bem.
Já comigo aconteceu o seguinte ao falar com uma amiga:
Eu: O que é que fizeste ao cabelo?
Ela: Cortei-o!!! Porquê?!– com uma voz pouco amigável
A verdade é que o novo corte pôs-lhe mais 10 anos em cima, perto dos 40. Mas já nem lhe disse nada depois desta resposta.
Mas porque é que não somos capazes de aceitar uma crítica? Porque é que não fica tudo bem entre nós? Se uma amiga mulher está a ser sincera é porque está a ser uma cabra. Se elogia é porque não está a ser sincera.
Porque é que nos importamos com a beleza das outras mulheres? Porque é que sofremos de insegurança crónica?
Eu já cheguei aquele ponto da minha vida em que já não me importo; já não digo “quero ser como ela”. Aceitei o meu corpo tal como ele é…. Já não tenho paciência para estas coisas.
Às tantas, foi por causa disto que vim parar a uma área de homens. Trabalhar e conviver com certas mulheres é horrível.
Inveja é um sentimento mau mas todos já sofremos disso. Não adianta dizer que não porque todos passamos por isso. Em crianças, na adolescência e na idade adulta, todos passamos por isso.
Esta semana dei por mim a pensar em algumas pessoas de quem tive inveja.
Começo por aquela rapariga que tinha a atenção de todos os rapazes na minha adolescência. Eu ficava a olhar e a desejar ser como ela. Tinha as curvas todas no sítio e vestia sempre as roupas da moda. “Trinca espinhas” era a minha alcunha; portanto, já estão a ver que eu era só pele e osso.
O meu corpo mudou, como era suposto e agora também tenho as curvas todas no sítio. Mas agora também só me interessa a atenção de uma pessoa.
Não sei muito bem o que foi feito dela. A última vez que a vi foi em casa de um amigo que temos em comum e trabalhava num call-center.
Moral da história: tudo tem o seu tempo
Ou então, aquelas duas colegas que competiam para ter as melhores notas na escola. Tinham sempre as melhores notas da turma. Foram raras as vezes que cheguei ao topo; era uma aluna de boas notas mas não tinha as melhores. E o que as melhores notas lhes trouxe para o futuro? Pouco. Para começar não foram para Medicina onde até as centésimas contam. Aliás, uma delas está a trabalhar a recibos verdes à vários anos.
Também não fui para Medicina mas fui para fui para uma área que gosto. Tenho um emprego estável.
Moral da história: não é preciso ser o melhor de todos. Devemos sim, estabelecer um objetivo e cumpri-lo.
E para acabar, aquela colega que conseguia o que queria devido ao decote grande e à saia pequena. E virou algumas pessoas contra mim. E às tantas perguntava-me “o que terei eu feito de mal?”. Eu ia vestida de forma discreta e queria era fazer o meu trabalho. Passado uns anos e de as duas termos saído da empresa, somos lembradas de forma diferente:
Ela: “Grandes mamas”
Eu: “Porque é que não a convidámos para o jantar de Natal” ou então “Tenho aqui apontado tudo aquilo que me disseste”
Moral da história: a não ser que estejam no mundo da televisão, é o cérebro que interessa.
Hoje, já tenho outra visão sobre o mundo. Já escolho a quem tenho que agradar ou não. E a inveja que às vezes sinto? O desejo de ter o que outras pessoas têm? Faço por isso. A única coisa que cai do céu é a chuva.