O meu marido tem uma família grande. E quando digo isto não estou a exagerar. Façam as contas em que são 12 tios e uma média de dois filhos por cada um..... Imaginem as festas de anos
Há duas semanas uma das primas que é adolescente fez anos e como é tradição fizeram festa. Parecem que estavam lá três amigas. Nós não pudemos estar na festa.
Uns dias depois estavam a falar da festa. Oiço a mãe dela dizer:
"Já tiveste lá a família e ainda quiseste mais 3 amigas? Foi mais dinheiro que gastei. A família já te devia bastar"
A minha reacção:
Quando todos se calaram fiz questão de dizer o seguinte:
"Ao contrário desta gente toda, acho muito importante ter amigos"
O meu marido só dizia: "A família toma-nos muito tempo. Não conseguimos ter amigos"
E isto é verdade. Ele só conseguiu cultivar as amizades quando veio para Lisboa. A família não estava cá.
Esta é uma das razões que é necessário ter amigos. A família não pode estar lá sempre. É preciso ter uma "salvaguarda".
É muito importante ter amigos. São outras pessoas, outras culturas, outras formas de pensar. Porque é preciso ensinar às crianças que existe variedade no mundo.
Olhem esta adolescente que se fizer a vontade à mãe vai ficar sem amigos. E esta ideia está espalhada na família e provavelmente vai ensinar isto aos filhos.
Este fim de semana aconteceram-me duas coisas que não aconteciam à bastante tempo: cair em frente a pessoas e sentir vergonha alheia (sim, alheia não foi vergonha de mim própria!). Tudo isto aconteceu ao mesmo tempo.
Então, no sábado fomos jantar a casa de familiares onde estava também a namorada de um deles.
Aparentemente não havia cadeiras/bancos para todos, pelo que me sentei num banco de plástico. Eu não me importo nada com isto porque fui eu que me sentei lá.
A meio da refeição arrasto o banco para trás e baixo-me para baixo para apanhar algo que deixei cair ao chão. Aparentemente, o banco desequilibrou-se e e eu cai para trás. Sorte ou não, eu tinha uma parede atrás de mim e bati só com o cotovelo. Foi uma sorte não ter ido de cabeça tal era o balanço que levava.
Quando me dei conta fiquei sem reacção. "Acordei" com a pessoa mais próxima de mim (adulto) a rir-se à gargalhada como se não houvesse amanhã. Aquelas risadas que fazem eco na nossa cabeça e prolongam-se por muito tempo.
E eu só pensava: "Que vergonha. Está aqui a namorada do B. e esta só se ri". Senti vergonha por aquela pessoa se estar a rir daquela forma em frente a uma desconhecida. É que nem sequer senti vergonha por ter caído. É a chamada vergonha alheia. Não é vergonha por nós mas pelos outros.
Ainda bem que tenho pessoas mesmo adultas que rapidamente me foram ajudar e perguntar se estava tudo bem.
Fisicamente, fiquei com uma dorzita no cotovelo e umas nódoas negras. Mentalmente, apetece-me odiar aquela pessoa e nunca mais lhe falar. mas não posso, porque é família.