Ele ontem estava um bocado aborrecido porque não conseguiu ver o jogo do Benfica. A bola com uns amigos foi à mesma hora e, como tal, não conseguiu ver o jogo.
Chegou a casa e viu os resumos, como sempre. E, decidiu incluir-me na conversa. Eu, que até estava a trabalhar e precisava de estar concentrada e que não ligo a futebol.
Ele: olha para aquele golo. Ganda golaço…
Eu nem sequer respondi.
Ele: olha, vou puxar para trás para veres.
Eu: não é preciso, eu acredito em ti.
Ele: olha, olha….
Lá levantei a cabeça para ver o golo…. Fingi que vi.
Passado um bocado, começa para lá resmungar que era falta e não sei que mais….
Ele: olha, estas a ver? Estás? Aquilo foi falta claríssima.
Eu: hmm hmm.
Ele: vês vês?
Eu: mas eu não me interesso por futebol….
Ele: mas vê se eu não tenho razão.
Eu levanto a cabeça mais uma vez para fingir que vi.
Ele: mas tu nem sequer viste….
Eu: Está bem. Eu vejo.
E lá vi 10 segundo de futebol para ele ficar satisfeito.
Ele esteve doente durante o fim-de-semana. A ideia que eu tenho é que os homens se transformam; o meu não é excepção. No meu caso, como está entupido não dorme bem. Ora, ao não dormir bem, fica chato. E depois, há sempre aquela característica de revolta; como se fosse culpa minha o facto de estar doente.
Mas neste fim-de-semana, ficou pior. Decidiu ser mandão.
Decidi fazer um almoço de família no domingo, já que tínhamos visitas. Então, pusemos o despertador para as 9h30 para não andarmos com pressas. Pusemos, como quem diz, foi o telemóvel dele o escolhido para tocar.
Ora, o telemóvel toca à hora esperada e o que é que ele faz? Dá-me aquele toquezinho no braço que diz “Levanta-te, tens coisas para fazer”. Really?!
Fiquei uns minutinhos na ronha mas lá me levantei e fui tomar o pequeno-almoço. Posso ter coisas para fazer mas o meu pequeno-almoço sem pressas é sagrado. Ele levanta-se passado uma meia hora:
Ele: Ainda estás aí?
Eu: Sim, acabei agora o pequeno almoço.
Ele: Ainda não fizeste nada?!
Really?!
Levantei-me da mesa e comecei a fazer as coisas, nomeadamente, a sobremesa que era o Arroz Doce da Yammi.
Já estava na parte final do arroz doce quando ele sai para ir ao supermercado; faltava-nos um ingrediente para o prato principal. Enquanto ele esteve fora, eu lavei as taças do arroz doce (tinham pó de estarem guardadas), limpei-as com um pano, pus o arroz doce nas taças (teve ser com uma colher porque com o copo da yammi deitava por fora), lavei a yammi, sequei a yammi e pus um ovo a cozer para um paté.
O ovo já estava a meio da cozedura quando ele chega das compras:
Ele: Ainda não fizeste o paté?
Eu: não, tive alguns problemas logísticos.
Ele: já devias ter feito o paté, estamos atrasados.
Really?!
Note to self: não juntar homem doente com jantares em casa.
Ele só devia dizer as coisas quando lhe perguntassem.
Achavam que ia ficar por um post? Não. O homem lá dá casa de vez em quando dá-lhe para certas coisas.
Estávamos os dois a preparar-nos para sair quando lhe sai esta frase da boca:
- Tu tens bigode!!! – a rir-se, como se fosse a maior alegria do mundo
- Não tenho nada!
- Tens sim! Olha aí nesse cantinho – e começou a apontar
- Nota-se assim tanto? - já estava eu com aquele tom
- Quer dizer, não se notam assiiiiim tanto.
Sim, é verdade, tenho um pelinhos no buço. Mas são loiros e não se notam.
Correcção: não se notavam. Agora, cada vez que vou ao espelho, olho para o buço e vejo os pelos que não via. Chamam-me logo a atenção qual verruga castanha com dois pelos.
Já ando a correr os supermercados à procura de cera para tirar isto. Alguma sugestão?