Às vezes pergunto-me se que aquilo que me estão a contar é verdadeiro. Se não será algo inventado ou se é uma daqueles coisas de "quem conta um conto, acrescenta um ponto". Ou então, a mente de alguém que já não estando em condições, fabrica memórias.
Pergunto-me se aquilo que me contaram durante toda a minha vida é verdade ou uma simples história.
Durante parte da minha vida, assumi como verdade tudo aquilo que me contavam. Era assim: muito ingénua.
Até aquele dia, em que uma mala pequena de ráfia mudou tudo. Aquela mala pequena, que, segundo a história, veio de Itália com a patroa. Mas que no fundo, é apenas uma recordação da Nazaré.
Num dia desta semana, precisei de ir à farmácia. Precisava de repor o meu champô para a dermatite seborreica.
Dirijo-me à farmácia e vejo ir para lá também uma família de 5, que já tinha encontrado antes. Tiro a senha, e enquanto não me chamam, ando à procura de outro produto que necessitava. Já que lá estava, aproveito e levo tudo. Quanto menos viagens fazer à rua melhor.
Entretanto, dou conta que a tal família estava a ser atendida: pai, mãe e uma filha. O resto ficou cá fora. E oiço o pai dizer assim:
"Ah e um creme para o pipi dela, que ela tem ali um ardor"
Entenda-se para o "pipi" da filha.
A mãe diz-lhe alguma coisa que eu não percebi e o pai responde:
"O que foi? Eu não tenho vergonha nenhuma"
Ahhh.... há tantas coisas que se podem dizer sobre isto... a começar pelo "pipi" e depois pelo facto de não ser uma questão de vergonha mas sim de ninguém ter nada a ver com isso. Se eu ouvi, tenho quase a certeza que todos ouviram. Não estou a dizer que é para esconder mas também não é para contar ao mundo.
E para acabar, provavelmente era só um pelinho a crescer mas o melhor mesmo era ter passado pelo médico primeiro.