As pessoas têm que se convencer
De que quando chegam a velhas e não têm saúde, têm que estar perto dos filhos. Eu digo filhos mas pode ser apenas pessoas que podem cuidar delas.
Este fim-de-semana vivi de perto uma situação semelhante a esta: uma senhora idosa que já não pode ficar sozinha.
Um dos filhos ainda vive com ela mas tirou uns dias de férias e foi para fora. Gerou-se logo a confusão para ver quem podia ir dormir lá a casa. Como estamos em altura de férias escolares, duas netas dispuseram-se a ficar com ela.
No entanto, isto é só uma solução temporária.
O filho daqui a uns meses vai-se mudar para a casa dele e é preciso resolver a situação. Os filhos não podem deixar o trabalho e os netos também não podem deixar a escola só para tomarem conta da senhora.
Ir dormir à vez a casa da senhora também não pode ser solução porque tantos os filhos e os netos têm as suas rotinas. A casa da senhora fica desviada da cidade, numa daquelas aldeias que estão a ficar desertas.
Pagar a uma enfermeira ou a um lar também não é solução porque nem todos os filhos têm condições para pagar. E todos sabemos que sai muito caro.
A solução seria a senhora ir para casa dos filhos nem que fosse um mês a cada um.
Mas porque é que ainda existe a discussão?
Porque a senhora não quer sair de casa dela. É daquelas velhotas casmurras que não quer, por nada deste mundo, sair de casa dela. E estou a falar de uma casa que não tem condições nenhumas: as janelas estão mal vedadas e entra frio por todo o lado. “Só saio quando morrer”, diz ela.
Esta situação já estou eu a prever que aconteça. Um dia vão dar com ela já morta.
Este texto não é uma crítica a estes filhos nem a estes netos. É uma crítica à senhora: o custo da teimosia dela é a própria vida. Valerá a pena?